domingo, 11 de janeiro de 2009

LOGÍSTICA REVERSA

Logística Reversa

Meio-ambiente e Produtividade

Introdução
O ciclo dos produtos na cadeia comercial não termina quando, após serem
usados pelos consumidores, são descartados. Há muito se fala em reciclagem e
reaproveitamento dos materiais utilizados. Esta questão se tornou foco no meio
empresarial, e vários fatores cada vez mais as destacam, estimulando a responsabilidade
da empresa sobre o fim da vida de seu produto.
Numa visão ecológica, as empresas pensam com seriedade em um cliente
preocupado com seus descartes, sendo estes sempre vistos como uma agressão à
natureza. Desta forma surge uma Logística Verde baseada nos conceitos da Logística

Reversa do Pós-consumo.

Numa visão estratégica, a preocupação fica por conta do aumento da confiança
do cliente, com políticas de Logística Reversa do Pós-venda ou Administração de
Devoluções. Desta forma a empresa se responsabiliza pele troca imediata do produto,
logo após a venda.
Outro foco dado à logística reversa é o reaproveitamento e remoção de refugo,
feito logo após o processo produtivo.

O que é Logística Reversa?

Logística Reversa pode ser classificada como sendo apenas uma versão contrária
da Logística como a conhecemos. O fato é que um planejamento reverso utiliza os
mesmos processos que um planejamento convencional. Ambos tratam de nível de
serviço, armazenagem, transporte, nível de estoque, fluxo de materiais e sistema de
informação. No entanto a Logística Reversa deve ser vista como um novo recurso para a
lucratividade.

Diferenças Fundamentais

Existem diferenças fundamentais entre a Logística convencional e seu
sistema reverso, dentre as quais estão:
Na Cadeia Logística convencional os produtos são puxados pelo sistema,
enquanto que na Logística Reversa existe uma combinação entre puxar e empurrar os
produtos pela cadeia de suprimentos. Isto acontece, pois há, em muitos casos, uma
legislação que aumenta a responsabilidade do produtor. Quantidades de descarte já são
limitadas em muitos paises.
Os Fluxos Logísticos Reversos não se dispõem de forma divergente, como os
fluxos convencionais, mas sim podendo ser divergentes e convergente ao mesmo tempo.
O processo produtivo ultrapassa os limites das unidades de produção no sistema
de Logística Reversa. Os fluxos de retorno seguem um diagrama de processamento préEstudos
definido, no qual os produtos (descartados) são transformados em produtos secundários,
componentes e materiais. Os processos de produção aparecem incorporados à rede de
distribuição.
Ao contrario do processo convencional, o processo reverso possui um nível de
incerteza bastante alto. Questões como qualidade e demanda tornam-se difíceis de
controlar.

Principais razões que levam as empresas a atuarem em Logística Reversa

1) Legislação Ambiental que força as empresas a retornarem seus produtos e
cuidar do tratamento necessário;
2) benefícios econômicos do uso de produtos que retornam ao processo de
produção, ao invés dos altos custos do correto descarte do lixo;
3) a crescente conscientização ambiental dos consumidores;
4) Razões competitivas – Diferenciação por serviço;
5) limpeza do canal de distribuição;
6) proteção de Margem de Lucro;
7) recaptura de valor e recuperação de ativos.
3. Logística do Pós-consumo
Os sinais de descarte tornam-se a cada dia mais evidentes. Índices de descarte de
alguns produtos comprovam na pratica o motivo da preocupação. A produção de
plástico no mundo, por exemplo, cresceu de 6 milhões de toneladas em 1960, para 120
milhões de toneladas em 2000. Anualmente são descartados por ano nos EUA cerca de
1 milhão de automóveis.
No Brasil não é diferente. Os sinais de descarte estão presentes e crescem a cada
ano. Calcula-se que no ano 2000 tínhamos 10 bilhões de latas de alumínio e mais 13
bilhões de garrafas pet. O descarte também pode ser visto através da quantidade de lixo
produzida pelos grandes centros urbanos. São Paulo produzia em 1985, 4.450 toneladas
de lixo por dia, este número subiu para 16.000 toneladas por dia em 2000.
O aumento do descarte é proporcional à diminuição do ciclo de vida dos
produtos. O crescimento do poder de consumo, gerado pelas novas tecnologias de
fabricação que barateiam o custo de venda, sistemas logísticos que buscam cada vez
mais a qualidade do serviço garantindo a acessibilidade dos consumidores e o
Marketing acirrado em função das vendas são fatores que acarretam ao problema.
O perfil do novo consumidor é de preocupação com o meio-ambiente, pois ele
tem consciência dos danos que dejetos podem causar em um futuro próximo. A falta de
aterros sanitários e o constante aumento de emissões de poluentes, inclusive nos paises
mais desenvolvidos, gera polemicas discussões em âmbito mundial. Esta preocupação
se reflete nas empresas e industrias, que são responsabilizadas pelo aumento destes
resíduos. E é pensando nestes fatores que surgem políticas de processos que contribuam
para um desenvolvimento sustentável. A Logística Reversa de pós-consumo vem
trazendo o conceito de se administrar não somente a entrega do produto ao cliente, mas
também o seu retorno, direcionando-o para ser descartado ou reutilizado.
Após chegar ao consumidor final o produto pode seguir em três destinos
diferentes: ir para um local seguro de descarte, como aterros sanitários e depósitos
específicos, um destino não seguro, sendo descartado na natureza, poluindo o ambiente,
ou por fim, voltar a uma cadeia de distribuição reversa.
Figura 1. Fluxograma Logística Reversa do Pós-consumo.
Fonte Leite consultorias
Este canal de distribuição reversa tem sido utilizado há bastante tempo por
fabricantes de bebidas, que precisam retornar suas embalagens, a fim de reutilizá-las.
Siderúrgicas já usam parte da sucata produzida por seus clientes com insumo de
produção. O retorno de latas de alumínio se torna cada vez mais um negócio rentável, e
as indústrias procuram inovar os métodos de proceder com o retorno destas embalagens.
Um outro canal de logística reversa de pós-consumo tem se tornado necessário,
o retorno de produtos altamente nocivos ao meio ambiente. Embalagens de agrotóxicos,
pilhas, baterias assim como produtos utilizados em pesquisas laboratoriais. Estes
produtos contêm compostos químicos tóxicos e compostos químicos radioativos, e
nestes casos o perigo, na falta de uma cadeia reversa de recolhimento, é iminente.
O retorno de equipamentos tecnológicos tem se mostrado um novo e lucrativo
setor. Peças e equipamentos podem ser reutilizados, dentre outras coisas se encontram
minérios de alto valor agregado, como cobre, prata e ouro.
Matérias Primas
Fabricação
Destinação
Varejo
Consumidor
Produtos de
Pós-consumo
Destino
Seguro
Destino
Não Seguro
Coleta
Varejo Reverso
Distribuição Reversa
Reuso/ Desmanche/
Reciclagem Industrial
Matérias Primas
Secundárias
Mercados
Secundários

Logística do Pós-venda

Com o aumento da velocidade da própria logística, que permite a entrega dos
produtos num menor espaço de tempo, segue uma nova forma de consumo, juntamente
com uma nova visão de canal de distribuição. Para este novo formato, o fornecedor não
se preocupa apenas em garantir o produto para o cliente, no menor tempo possível e
com total segurança, mas também em estar pronto para um regresso imediato, caso este
seja necessário.
O ciclo de vida do produto não termina mais ao chegar no consumidor final.
Parte dos produtos necessita retornar aos fornecedores por razões comerciais, garantias
dadas pelos fabricantes, erros no processamento de pedidos e falhas de funcionamento.
Tem-se um Código do Consumidor bastante rigoroso que permite ao
consumidor desistir e retornar sua compra num prazo de sete dias. Várias empresas, por
razões competitivas, estão adotando políticas mais liberais de devolução de produtos.
Empresas que não possuem um fluxo logístico reverso perdem clientes por não
possuírem uma solução eficiente para lidar com pedidos de devolução e substituição de
produtos. A ação de preparar a empresa para atender estas exigências minimiza futuros
desgastes com clientes ou parceiros. A logística reversa de pós-venda segue o propósito
da criação deste determinado setor, agregando valor ao produto e garantindo um
diferencial competitivo. A confiança entre os dois extremos da cadeia de distribuição
pode se tornar o ponto chave para a próxima venda.
Figura 2. Fluxograma Logística Reversa de Pós-venda.
Fonte Leite Consutorias / *Cadeia Logística de Pós-consumo
Matérias Primas
Fabricação
Destinação
Varejo
Consumidor
Produtos de
Pós-venda
Coleta
Distribuição
Reversa
Seleção/ Destino
Mercados
Secundários
Reuso/
Desmanche/
Reciclagem
Industrial*

Os fatores deste retorno são, entre outros: erros de expedição, produtos
consignados, excesso de estoque, giro baixo, produtos sazonais, defeituosos, recall de
produtos, validade expirada e danificação de transito.
Empresas de bebidas trabalham com consignação de produtos, que são
retornados em seguida, para voltarem ao mercado. Empresas de CDs fornecem aos seus
consumidores a responsabilidade de recolherem os produtos com pouca saída. Eletroeletronicos
utilizam o fornecimento de garantias como forma de propaganda, garantindo
a confiança do cliente em seu serviço. Qualquer falha do produto implica em devolução,
e este se encaminha para o conserto, para ser recolocado no mercado.

Reaproveitamento e Remoção de Refugo

A finalidade é possibilitar a utilização das sobras do processo de produção, bem
como retirar do local aquilo que não tenha aproveitamento, deixando a área livre e
desimpedida.
Um subproduto do processo de fabricação e logística é o refugo. Se esse material
não puder ser utilizado para produzir outros produtos, deve ser removido de alguma
maneira. Qualquer que seja o subproduto, a logística é responsável por seu manuseio,
transporte e armazenamento.

Logística Reversa no PRM

A Logística Reversa entra nas empresas fazendo parte das operações de
gerenciamento que compõem o fluxo reverso conhecido por PRM – Product Recovery
Management, ou administração da recuperação de produtos. O objetivo do RPM é obter
o mais alto nível da recuperação do produto, tanto nas questões ecológica, componentes
e materiais.O nível em que estes produtos podem ser recuperados são: nível de produto,
módulo, partes e material. As principais áreas de atuação do sistema PRM são:
Tecnologia, Marketing, Informação, Organização, Finanças, Logística Reversa e
Administração de Operações. À logística cabe o fluxo reverso para a recuperação destes
produtos.
Tabela 1. Resumo de operações de recuperação de produtos.
Opções de PRM Nível de
Desmontagem
Exigências de
Qualidade
Produto
Resultante
Reparo Produto Restaurar o produto
plenamente
Partes reparadas ou
substituídas
Renovação Módulo Inspecionar e atualizar
os módulos
Módulos reparados ou
substituídos
Remanufatura Parte Inspecionar e atualizar
as partes
Pares usadas em novos
produtos
Canibalização Recuperação Seletiva de
Partes
Depende do uso em
outras opções de PRM
Partes reutilizadas ou
descartadas para
reciclagem
Reciclagem Material Depende do uso em
remanufatura
Materiais para novos
produtos
Empresas escolhem diferentes opções de recuperação de produtos, portanto o
sistema de logística reversa deve ser estabelecido de acordo com as opções de PRM
utilizadas. O bom funcionamento da Logística Reversa implica na qualidade do
funcionamento do PRM.

Comentários finais

Autores e pesquisadores concordam que uma boa administração da Logística
Reversa acarreta em grandes economias para a empresa. Um dos maiores problemas
está na falta de sistemas informatizados que permitam a integração da Logística Reversa
ao fluxo normal de distribuição. Por essa razão empresas criam seus próprios sistemas
ou terceirizam o processo para empresas especializadas.
O crescimento da posição da Logística Reversa na empresa é recente. A
implementação deste sistema reflete em vantagens competitivas para as empresas, ao
nível de menores custos e melhoria de serviço ao consumidor. Uma integração da
cadeia de suprimentos também é necessária. O fluxo reverso de produtos deverá ser
considerado na coordenação logística entre as empresas.
Juntamente às vantagens competitivas está a questão ecológica da
Logística Reversa. Quando a empresa investe neste setor ela garante bons resultados
para o futuro, tanto para si como para todos.

Bibliografia

DAHER, Cecílio E., SILVA, Edwin P. S., FONSECA, Adelaida P..Logística Reversa:
Oportunidade para Redução de Custos Através do Gerenciamento da Cadeia
Integrada de Valor.
ERTHAL, Jacir A..Indicadores para Avaliação Física do Produto. Florianópolis, 2003

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